Agora publico um texto de minha autoria, escrito numa aula de redação. Trata do problema da educação no nosso tempo. Leiam e depois comentem.
A educação no sistema capitalista
Havia no passado um conflito entre duas correntes educacionais opostas: uma dizia ser tarefa do professor reconhecer no aluno o mais rapidamente possível a sua faculdade mais destacada e pôr-se a trabalhar somente sobre ela, enquanto que para outra deveria haver uma perfeita harmonia no aprendizado de todas as disciplinas.
Quando se voltam os olhos para o momento presente, surge a dúvida: qual desses dois sistemas têm usado as escolas contemporâneas? E chega-se à conclusão de que o modelo atual em nada se aproxima dos mais antigos.
Primeiro, porque a educação de hoje não tem as mesmas finalidades da de três, quatro séculos atrás. Segundo, porque a mocidade do século XXI já não possui os mesmos anseios daquela que, saída do obscurantismo dos idos negros da Idade Média, desejava conhecer com novos olhos a natureza do mundo.
O fato é que – e ninguém há de discordar disso – a educação atual não passa de uma “preparação para o mercado de trabalho capitalista”. O tempo atual não valoriza o livre-pensamento, não sabe do valor estético presente numa obra de arte. A ciência, que outrora teve o papel de revelar ao homem os mistérios do Universo, hoje encontra-se reduzida na missão de melhorar a tecnologia de computadores e de geladeiras.
No sistema capitalista, o homem não possui dúvidas. Para ele, o verbo “existir” significa concorrer para a melhoria das condições de vida. Seu intelecto não possui vida própria. Voltado somente para questões de ordem econômica, o problema da morte não o atormenta: alienado, não é capaz de produzir pensamentos.
A física que se ensina nas escolas está repleta de exercícios de cálculo de potência de eletrônicos. A matemática serve-nos para mensurar a área de lotes, está a serviço da engenharia. A arquitetura, que no passado construiu magníficos monumentos, dedica-se hoje a produzir espaços funcionais. E a psicologia, desinteressada em conhecer a personalidade humana, existe para resolver os desentendimentos amorosos dos homens, frutos de sua desatenção. O que nos resta? – A filosofia. E de que forma a sociedade atual vê a figura do filósofo? Talvez como a de um homem louco, desencontrado e imprestável a qualquer coisa.
Uma tal educação atrofia o cérebro, em vez de promover sua emancipação. O chamado “nerd”, que a sociedade tanto cultua, não passa do mais alienado dos seres. Ele saberá responder sobre como funcionam os chips, mas indagado sobre as conseqüências filosóficas da termodinâmica e da queda da maçã, permanecerá impassível.
No sistema capitalista, o homem perdeu sua existência, deixou de ter autonomia sobre si mesmo para se tornar um meio social. E é isso que a escola contemporânea propõe aos jovens: que eles se tornem um meio daquilo que ela considera ser o progresso. Tolos os economistas, que se põem em prantos ao verem as cifras da bolsa despencarem: seus espíritos estão no lodo.
Num tempo em que até a música deixou de representar os anseios da alma para se tornar uma atividade rentável, nossa sociedade está fadada a não ser mais capaz de produzir filósofos e escritores.
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