A prostituição da Igreja

Escrevi este artigo há algum tempo, num contexto que pode ser compreendido pelo que nele eu digo. No entanto, não o havia concluído, por preguiça ou por falta de tempo. Agora que pude concluí-lo, publico-o aqui, fora da época em que ele causaria maior impacto. Mas tudo bem...

A Prostituição da Igreja

Semana passada, recebi uma notícia que me fez perder todo o respeito pela Igreja Católica. Fui convidado por um amigo católico a ir a uma festa que ela, a Igreja, realizaria, a Festa de São Sebastião. Espantei-me por saber que a Igreja, assim como uma garota de 15 anos, daria uma festa. Procurei saber mais a respeito e fui encontrar no jornal de Piumhi as seguintes palavras:

“Aberta na quinta, 14, a Festa de São Sebastião agita o final de semana em Piumhi, no Parque Tonico Gabriel (PTG). Neste sábado, 16, a atração artística serão as duplas Adam & Ânderson e Jânio & Júnior; no domingo, 17, Gino & Geno.”

Não sou um sujeito religioso, nem tampouco dou culto a santos, no entanto, sou um defensor dos valores morais e, por isso, não poderia deixar passar despercebido esse ato hipócrita por parte da Igreja. Não quero aqui criticar os fundamentos da fé católica em si, isto é, a filosofia em que se baseia o Catolicismo, mas criticar a atuação da Igreja dentro de sua própria filosofia.

A Igreja, que é milenarmente conhecida por se ater ao rígido dogmatismo da sua moral, prega agora um anti-moralismo espantoso. Realiza uma festa, bem à moda das que estamos acostumados a ver: regada a álcool, inclinada à manifestação das paixões mais vãs dos homens e findada ao cometimento de excessos e à promoção do sensualismo. Em suma, uma festa pagã. O santo desafortunado cujo nome é empregado no nome da folia é São Sebastião. Ora, espantado por saber que a Igreja realiza isso, eu naturalmente me pergunto: com que intento e finalidade ela o faz? A resposta não poderia ser mais óbvia, e a própria Igreja o admite: a fim de arrecadar fundos.

Uma mulher que, necessitada de dinheiro para se suster no mundo, vende seu próprio corpo a quem possa comprá-lo é considerada mulher de aluguel, meretriz desonrada, impura e corrompida. Mas então eu me indago: o que faz a Igreja não é exatamente semelhante ao que faz essa mulher? Ora, pois ela vende sua própria filosofia ao dinheiro! Não teríamos, pois, de considerá-la uma Igreja de aluguel, meretriz desonrada, impura e corrompida? Eu sinceramente não sei se o Cristo, caso presenciasse tamanha hipocrisia, teria da Igreja Católica – que diz pregar seu Evangelho e existir em seu sagrado nome – o mesmo compadecimento que teve da prostituta.

Não conheço o clero piumhiense. Não sei sequer o nome de um padre da cidade, mas fico curioso para saber se um deles esteve presente na folia do parque. Se esteve, será que contou como o cantor contratado, referindo-se a um garçom: “Tem alguma coisa aí pra eu beber?”? Ou será que, como um outro amigo meu disse que faria, ele já se adentrou ao recinto munido de garrafas de vodca? Enfim, qual era a cor da pulseira do sexo que ele usava?

Há em Piumhi uma ínfima minoria católica que é proba, íntegra e honesta, seguidora fiel e correta dos ensinamentos do Cristo e dedicada à caridade. Não é para ofender essa respeitável classe de pessoas que eu escrevi este artigo. Fi-lo para denunciar a falsidade, a dissimulação e a hipocrisia daqueles que se dizem donos da virtude.