Eu, que sou iluminista, escrevi um texto para atacar a democracia. Veja.

– Generais, retomai os vossos postos. Sois novamente requisitados pela nação!
Muito se discute durante o processo eleitoral sobre a validade deste para a construção da democracia brasileira. Pode parecer óbvio: não há democracia sem participação popular, e a melhor forma de se interrogar a opinião pública é oferecendo ao povo a possibilidade do voto. Não tão óbvio, no entanto, é supor que – como foi demonstrado – o povo queira para si mesmo maus governantes. Deve haver nisso uma falha processual que merece ser investigada. É irracional pensar que alguém possa desejar o mal para si mesmo. Se assim procede, só se pode crer que esteja sendo enganado.
O atual sistema político brasileiro, de fato, não passa disso: de uma enganação. É, sem dúvida, um erro gravíssimo adotar a democracia numa sociedade de analfabetos. Além do mais, é contra a natureza do processo dialético. Portanto, a democracia deve ser suprimida. Toda democracia bem sucedida surge com base numa revolta popular. Como exemplo maior, tem-se a Revolução Francesa. E ela só pode mesmo dar certo surgindo desse movimento coletivo do povo, sendo resultado de sua insatisfação com relação a uma forma de governo. Somente assim o povo prova ser suficientemente consciente para abolir uma forma de governo repressora e capaz de participar de uma democracia.
Não é possível pretender construir uma ordem justa de relações sociais sem que se tenha um povo socialmente conscientizado. A Europa passou por séculos de um absolutismo obscuro. Só com o Iluminismo e com as filosofias sociais modernas é que se foi resolver o problema do governo que vinha desde o fim do Feudalismo e da instauração do Mercantilismo – e hoje os Estados da Europa vivem o que se poder chamar de a mais perfeita harmonia social. Já o Brasil crê ter conseguido construir uma democracia após apenas duas décadas de ditadura militar. O povo brasileiro é ainda alienado, desprovido de luz. O atual sistema político dá aparência de normalidade à corrupção: pensa-se estar numa democracia enquanto se elege corruptos. O povo brasileiro não vai esclarecer-se politicamente enquanto não deixarmos de viver a falsa democracia. É só mesmo nas trevas mais terríveis que a luz pode ser encontrada. A democracia é a antítese da repressão. Por isso, é preciso uma nova repressão, para acordar o povo brasileiro da acomodação hipócrita em que ele se encontra. Uma verdadeira democracia surge como conseqüência e resultado dum duradouro período de absolutismo. Corremos atrás de uma solução para o nosso quadro atual, no entanto, encontramo-nos necessitados antes de um problema que de uma solução. Só quando se tem um problema é que se o pode solucionar. Tal é a dialética.
Não vivemos mais a época de cantar os heróis da ditadura: Chico Buarque, Caetano Veloso, etc. O nosso hino deve enaltecer, pelo menos por agora, o que nos repugna. Aquele que cantou “é proibido proibir” deve ser novamente exilado. O caos que vivemos é também resultado do excesso de liberdade. Se desejamos a democracia, devemos adorar, por um novo período de tempo, os ditadores.
Fala Vítor! Cara, dê uma olhada nesse artigo aí:
ResponderEliminarhttp://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1666-485X2009000100001&lang=pt
O link é grande e o texto é espanhol, mas tranquilo pra ler. Fala sobre dois filósofos fodas e descem a lenha na "razão".
Abraço!
Olá Vítor, o que pensa sobre a inserção da questão religiosa no debate eleitoral? Seria interessante discutir, não acha?
ResponderEliminarAbraços,
Sim... Acho importante.
ResponderEliminarNas últimas eleições eu não me recordo de ter visto os candidatos discutirem sobre a questão religiosa.
Agora, no entanto, a primeira coisa que se reconhece, ao meu ver, é que, se a religião volta a ser um tema discutido durante a disputa presidencial e passa a influenciar diretamente no resultado das eleições - há quem diga que Dilma só não venceu no primeiro turno por causa da propaganda católica e protestante anti-petista -, então ela, a religião, ainda é considerada de alguma importância pela população brasileira, ao ponto de se preferir um candidato a outro pelo fato deste se demonstrar mais cristão que aquele. Isso significa que, para muitos eleitores, a religião de um candidato, ou a inexistência dela, é mais importante que as propostas desse candidato e as transformações sociais e econômicas que ele pode realizar para o país caso seja eleito.
O que vejo num prmeiro momento é isso, mas creio que outras análises também podem ser feitas.
O que você pensa?
O tópico "religião" é evidentemente desviado pelos políticos (no Brasil) a não ser quando explicitado, caso do momento. Penso que a inserção da religião "faz parte" do funcionamento da democracia, mas me incomoda que esse assunto domine as discussões e esqueça os demais temas. O Brasil é um país religioso, mas há de se considerar que, de acordo com nossa Constituição, somos um país laico.
ResponderEliminarEnfim, essa balbúrdia revela o quão despreparados nós, sociedade, e eles, políticos, estamos em face da política, que ao invés de nos aproximar, distancia-nos e nos fragiliza.
Para mim, escolher um candidato só porque ele professa esta ou aquela religião é o mesmo que escolhê-lo apenas porque ele torce para este ou aquele time de futebol. Política e religião já são duas coisas distintas há bastante tempo. É uma pena que não saibamos compreender isso.
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