quinta-feira, 21 de outubro de 2010

As pessoas do meu tempo

Escrevi este texto à época do Carnaval, em fevereiro. É esse o período em que, ao meu ver, a libertinagem se torna maior entre os humanos. Inicialmente, pretendia fazer um protesto de cunho musical, dirigindo-me contra os ritmos musicais a que se aderem as pessoas durante o Carnaval, em especial o Rebolation, que fazia sucesso na época - graças a Deus hoje nem se ouve falar mais nisso. No entanto, as minhas reflexões, como sempre, enveredaram-se por um viés mais moral e analítico do comportamento humano. O texto é também um desabafo meu em primeira pessoa contra a futilidade dos seres humanos em geral. Não se sinta ofendido se está a ler este texto, eu me refiro a um tipo de gente mais baixa que aquela que sabe ler.


Paris Hilon e Britney Spears.


Outro dia, um amigo convidou-me para ir à sua cidade, Capitólio, a fim de dançar a Rebolação. Eu lhe respondi, respeitosamente, que, no dia em que tivesse interesse no meretrício, nem sequer me daria ao trabalho de ir a uma festa do gênero, iria direto a um prostíbulo. Sim, defini tal folia como meretrício, pois considero que todas as mulheres que dela participam sejam meretrizes, e todos os homens, freqüentadores de prostíbulos.
Há muito tempo que perdi, se não o respeito - que julgo dever ser imperecível -, pelo menos a admiração pela maioria das pessoas e o gosto por cultivar as amizades. Tenho visto que muita gente perdeu os valores que dão a um homem ou uma mulher a honra e a dignidade. Há poucos dias, ouvi de uma católica, que julgava ser bastante comportada, pela sua própria boca, que ela havia beijado cinco garotos numa única festa - e demonstrava grande satisfação em contar isso. São poucos os homens que conheço com quem poderia travar um diálogo sem que o assunto do sexo fosse referido e, vulgarmente, sem que as nádegas de uma moça ou os seios de outra fossem mencionados. Num infeliz episódio, presenciei um amigo manifestar a outro, sem o menor pudor, que se sentia atraído por sua mãe; este riu e nada lhe disse em reprovação, como se pouco lhe importasse a reputação de sua própria genitora.
Os homens parecem-se todos a cães famintos, promíscuos e vulgares, e as moças, a cadelas no cio, ávidas de se oferecerem a qualquer um, e quase sempre a mais de um. Em lugar algum se vê mais ingenuidade, pureza, inocência e singeleza - a não ser na casa de nossos avós. Nada há nas pessoas em geral que me desperte interesse em compartilhar. Passei a ter certa espécie de nojo e repugnância das pessoas de hoje, vontade instintiva de me afastar da confusão, do caos, em que elas estão imersas. Para com a maioria das mulheres que conheço não teria maior respeito que tenho por uma prostituta.
A época atual, e isso já está bem claro a todos, tende para uma um libertinagem pública e um sensualismo cada vez mais explícito. O homem parece querer voltar ao seu estado de natureza, perder tudo aquilo que conquistou pelo pensamento - a moral, a filosofia etc. - e viver como seu ancestral mais distante. O motivo disso tudo - o niilismo do nosso tempo, a perda de valores seculares. E o motivo dessa perda de valores - o atual modelo econômico, que reduz tudo ao que é útil, impede o homem de pensar e o transforma em animal. Não por acaso a juventude mais libertina do mundo se encontra nos EUA, e não por acaso muito da libertinagem vista aqui não passa da importação da libertinagem americana.

2 comentários:

  1. Cara, vou confessar que dei boas risadas com seu texto. Não risadas irônicas, mas de extrema concordância com você.

    kkkkkk!

    ResponderEliminar
  2. Sim, já tinha lido esse texto! So não tinha comentado.
    Hehe
    Que "fraqueza moral" !!!!
    Se eu fosse rica assim, teria uma vida pior eu acho; assaz fútil e iludida.
    Ainda bem que não nasci assim: é mais fácil progredir e nao viver ilusões.

    ResponderEliminar